Achamos que sabemos tudo que passa na vida de pessoas próximas, quais são seus sonhos, o que elas planejam para suas vidas, o que elas sentem por outras pessoas, o que ela sentem por nós, mas esquecemos que por mais íntimos e abertos que elas sejam conosco, jamais vamos saber exatamente seus desejos mais secretos. Todo mundo tem seus desejos secretos, e provavelmente nunca vamos descobri-los. Achamos que sabemos enfrentar nossos problemas, perceber humores, adivinhar pensamentos, distinguir sentimentos, e muitas vezes acertamos, mas também erramos muito. Achamos que sabemos o que as pessoas pensam de nós só pelo que elas dizem pensar, ou pelo que demonstram. Achamos que sabemos amar, achamos que sabemos agir de maneira correta, achamos que sabemos conviver com pessoas diferentes e achamos que sabemos quem de fato somos, até que somos pegos de surpresa por algum fato inesperado e somos enganados pelas nossas próprias reações. Achamos que sabemos o que pensam as pessoas que conversam conosco e que até nos fazem confidências, sem levar em conta que muito do que está sendo dito pode ser da boca pra fora, que talvez ela não sinta nem pense nada daquilo que diz, uma encenação, que pretende justamente esconder a verdade, aquela verdade que se guarda no mais profundo de cada um. Achamos que sabemos o que o amor da nossa vida sente por nós, baseamos em suas declarações afetuosas, seus olhares, sua atenção e a sua permanência ao nosso lado, só achamos, às vezes não é nada disso, ele pode te amar profundamente e ter vergonha, ou não saber se expressar, ou simplesmente não te amar e fingir. Nós achamos demais, e esse é o erro. Achar! Achar é o mais longe que podemos ir?